Quem visitar o Parque Nacional de Jericoacoara, no Ceará, nestas férias de julho, vai poder desfrutar de um verdadeiro espetáculo da natureza nos fins de tarde: o sol se pondo através do arco da Pedra Furada. A cena é estonteante. O fenômeno só ocorre neste período do ano, no auge do solstício de inverno, quando o sol se põe mais ao Norte. Durante as outras estações, isso não é possível, pois a projeção dos raios através do orifício se dá sobre o mar, atingindo o ponto mais distante da praia no solstício de verão, em dezembro.
Além de praias, dunas, lagoas e outros visuais fantásticos como esse pôr-do-sol, os visitantes vão encontrar um parque mais estruturado. Estudo elaborado pelo Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará, em 2006, sob a coordenação do professor Jeovah Meireles, disciplinou o tráfego de veículos até a vila de pescadores local. O tráfego é permitido porque o parque cerca toda a vila.
Por meio do zoneamento geoambiental, o estudo, que teve o apoio da Agência Espanhola de Cooperação Internacional e pelo Ibama, traçou trilhas-eixo de acesso à área urbana de Jericoacoara de maneira a minimizar os impactos negativos do tráfego sobre o parque. Desta forma, estima-se que a área afetada caia para apenas 1,2% se as trilhas forem respeitadas, representando um importante passo na proteção de ecossistema local, que é muito frágil.
O projeto de balizamento e sinalização das trilhas-eixo foi executado por meio de uma parceria com a Secretaria de Turismo do Governo do Estado do Ceará. Foram colocadas as balizas nas trilhas-eixo, que orientam as pessoas no trajeto das guaritas de entrada do parque até a Vila de Jericoacoara. Tanto os balizadores como as placas são facilmente removíveis, o que permitirá mudar trilhas ou mesmo fechá-las, conforme as regras do plano de manejo que está sendo preparado.
Para reforçar essa iniciativa, na semana passada, já prevendo o aumento de fluxo de visitantes no período de férias do meio do ano, a chefia do parque promoveu um curso com proprietários e condutores de quadriciclos que operam na região, para estabelecer um compromisso sobre tráfego desses veículos. A idéia é obedecer as trilhas e evitar a degradação do ambiente. Além do curso, foi distribuída uma cartilha com o regulamento da postura adequada dentro do parque.
Durante o curso, foi aplicada uma dinâmica de modelagem de miniaturas de dunas com areia e água. As dunas são as formações geomorfológicas mais frágeis protegidas pelo parque. Assim, foram repassadas informações sobre a unidade, sua importância ecológica, sensibilização ambiental específica e legislação, destacando a importância de se obedecer as trilhas onde o tráfego dos veículos é permitido. O curso será estendido para motoristas de bugues, caminhonetes e demais veículos que trafegam pelo parque.
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