Pesca e mandioca movimentam economia de ribeirinhos na Amazônia

Globo Amazônia - www.globoamazonia.com - 15/09/2010
A pesca e a produção de farinha de mandioca estão entre as bases da economia dos agricultores na Amazônia. Durante o período de seca, moradores de regiões de várzea garantem boa parte da renda anual.

Nas comunidades ribeirinhas, o peixe representa a base alimentar e econômica. Sem energia elétrica, não há como estocar a produção e os pescadores precisam decidir se o peixe será trocado, vendido ou consumido ali mesmo.

Um dos peixes explorados é o aruanã, de cor amarelada e que chega a medir até um metro. Comercializado em Manaus (AM), por meio do projeto de manejo sustentável da reserva de Mamirauá.

O pescador Jorge de Souza Carvalho conseguiu financiamento no banco para comprar material de trabalho. "A gente pesca, paga o banco e o dinheiro que sobra do peixe é pra gente. Já paguei pelo motor", diz.

Na cheia, os cardumes se escondem em igapós, florestas alagadas. Como a pesca fica mais difícil, Maria Amélia Moreira e os filhos saem cedo em busca das piranhas. Com o roçado coberto pela água, a pescaria é a única fonte de renda da família. Os peixes maiores são vendidos na cidade.

Eles chegam a conseguir R$ 6 por um dia de trabalho. "É pescar para gente comprar o rancho, as coisas que a gente precisa. Alguns compram farinha, e numa época dessa, o que salva a gente é o peixe", diz ela.

Outra forma de geração de renda é a farinha. Em uma casa comunitária de beneficiamento de mandioca, a casca é tirada, lavada, moída e prensada no tipiti, um trançado de palha por onde escorre a água. Depois disso, o produto passa pela peneira e, por fim, é torrado.

A farinha é comercializada o ano todo. Sai da floresta custando R$ 120 por saca de 60 kg e chega na cidade valendo três vezes mais. Por causa da grande cheia de 2009, áreas de plantação foram alagadas e a safra caiu 30%. Segundo o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas, em apenas um dos municípios, Tefé, maior produtor do Amazonas, a farinha corresponde a um terço de toda a renda das famílias.

O produto também serve de moeda de troca entre ribeirinhos e regatões, comerciantes que sobem e descem os rios levando mercadorias como num supermercado flutuante. Arquimedes Lasmar é regatão há mais 15 anos e já tem frequesia certa. "Nosso meio de vida é esse. Moro na cidade, mas não tem emprego lá. E tenho que estar no rio. Acho que foi um dom que escolhi", afirma.

O pescador Azamor Pereira trouxe dinheiro, mas R$ 20 não compram muita coisa. Um quilo de feijão, por exemplo, custa R$ 5. Ainda assim, é vantagem comprar com o regatão. A cidade mais próxima está há mais de um dia de viagem de canoa. "Aí a gente vai com mais despesa. Fica mais difícil para nós. Só com 20 litros o cara não vai. Tem que ser 20 litros para ir 20 para voltar", diz ele.

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