Passeio pela selva brasileira

O Globo, Amanhã, p. 9 - 09/10/2012
Passeio pela selva brasileira
Reserva Mamirauá, no estado do Amazonas, recebe turistas que buscam contato com a natureza.
A região abriga uma única pousada, flutuante, e os turistas podem conhecer a comunidade

RAFAELLA JAVOSKI
rafaella.javoski@oglobo.com.br

A 600 km a Oeste de Manaus está localizada Mamirauá, a primeira Reserva de Desenvolvimento Sustentável brasileira que, com 1.124.000 hectares, engloba os municípios de Uarini, Fonte Boa e Maraã. O acesso é possível por meio de voos para Tefé que são realizados praticamente todos os dias da semana e barcos rápidos ou convencionais, cujas viagens podem durar 12 ou 36 horas.
As atividades no local são supervisionadas pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, uma Organização Social fomentada e supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A instituição desenvolve suas atividades por meio de programas de pesquisa, manejo e assessoria técnica na região do Médio Solimões, estado do Amazonas.
Dados de 2001 apontam a existência de 63 assentamentos humanos, com 6.306 pessoas.
A economia dos moradores e usuários da reserva pode ser caracterizada como camponesa e se baseia na combinação da produção de subsistência de itens básicos da alimentação (peixe e farinha de mandioca) e uma produção, pouco intensiva, para venda, composta pelos mesmos itens e, em menor escala, carne de jacaré. As comunidades ribeirinhas situadas na reserva estão organizadas em nove setores, e cada um convoca assembleias periódicas nas quais são discutidas propostas de utilização dos recursos encontrados na área sob sua responsabilidade.
Uma importante característica do local é a diversidade da fauna e flora, que sofrem diretamente as consequências da variação sazonal de seca e cheia. Fauna e flora são afetadas, e precisam se adaptar a essas variações. A baixa das águas no médio Rio Solimões atrai um grande número de aves aquáticas para suas praias. No período de cheia, entretanto, há uma redução extrema ou ausência de espécies, sem que seja conhecido o destino da maioria delas.
A pousada Uacari é a única disponível, com capacidade para receber 20 turistas. Há pacotes disponíveis para três, quatro e sete noites. Em todos estão inclusos hospedagem, alimentação, passeios e translado. Os turistas podem fazer visitas à comunidade, que depende do turismo na região. Em 2011, os recursos gerados, por família, com a atividade turística na Reserva Mamirauá chegaram a R$ 1.800,00. Entre 1995 e 2005, estima-se que houve um crescimento de 156% na renda média mensal per capita nas comunidades.
Outra opção é a visita ao lago de Mamirauá para apreciar o pôr do sol. É possível ficar próximo de jacarés e pirarucus. Os barcos saem às 16h e retornam três horas depois. Na época de seca é quando ocorre a temporada de reprodução de jacarés. Em 2011, aproximadamente 400 ninhos de jacarés-açu e jacaretinga foram monitorados pelo Instituto Mamirauá.
Quem passa por Mamirauá pode conhecer a pesca tradicional, com caniços. É possível participar ou simplesmente acompanhar os guias. Outras espécies da fauna aquática que podem ser admiradas são botos e pirarucus.
A atividade com este último é uma das mais bem sucedidas do instituto. As ações do programa criado em 1998 pela instituição promove a conservação dos recursos. Ao longo de mais de dez anos de atuação, o manejo participativo da pesca de pirarucus aumentou em cerca de 425% o estoque natural da espécie, nas áreas manejadas da Reserva, além do incremento na renda dos pescadores.

O Globo, 09/10/2012, Amanhã, p. 9
UC:RDS

Unidades de Conservação relacionadas

  • UC Mamirauá
  •  

    As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.