Oito meses na floresta para produzir as fotos

ICMBio - www.icmbio.gov.br - 22/03/2010
O livro contém mais de 80 fotografias e textos sobre o gavião-real (Harpia harpyja) no Brasil. As imagens são do fotógrafo João Marcos Rosa. Para produzi-las, ele e equipe de gestores da Flona e pesquisadores do Inpa passaram oito meses observando ninhos do gavião-real. Para capturar as imagens da ave, Rosa teve de passar dias inteiros com o equipamento fotográfico em uma plataforma construída sobre uma castanheira, a 35 metros do solo.

Com a ajuda de um escalador profissional, que usava cordas para viabilizar sua chegada e permanência no topo da árvore, Rosa precisava ficar camuflado para que a mãe gavião não percebesse que estava sendo observada. O resultado foi a produção de 144 páginas com belas imagens da harpia de Carajás. Foram produzidos três mil exemplares do livro Harpia.

De acordo com o diretor executivo de Ferrosos da Vale, José Carlos Martins, uma edição em chinês está sendo preparada. A diretoria da empresa não quer perder a oportunidade de distribuir um exemplar da obra para os seus maiores clientes.

Martins, que representou a mineradora no lançamento, falou sobre a atuação da empresa na área do meio ambiente e agradeceu a todos pela materialização dessa nova atuação da empresa. ""Quero agradecer, sobretudo, ao chefe da Flona Carajás, Frederico Drumond. "Hoje se fala muito em crime contra a humanidade e, cada vez que uma espécie desaparece da Terra, é um crime da humanidade", disse ele.

Martins explicou que o envolvimento da Vale nesse projeto não traz ganhos financeiros, mas, por causa da defesa do meio ambiente, a empresa decidiu assumir o papel de protagonista na conservação dessa espécie juntamente com o governo e outras instituições.

A decisão, segundo ele, "foi tomada depois que vi uma matéria na televisão em que o representante do ICMBio na Flona de Carajás aparecia pedindo apoio financeiro para pôr marcadores nas aves. Fiquei admirado por saber que havia um ninho de harpia nessa unidade de conservação", declara.

O representante da Vale afirma que a empresa não pode parar de explorar a maior mina de minério de ferro do mundo porque "é responsável por 60% do superávit comercial do Brasil". Contudo, apesar do paradoxo, a direção da empresa entende que a atividade mineradora é compatível com a conservação ambiental.

Prova disso, segundo ele, é que, apesar da intensa atividade mineradora, a harpia resistiu, sobreviveu e procriou em Carajás. "Como uma região que tem intensa atividade de extração mineal, com tantos caminhões entrando e saindo, ainda é capaz de acolher o ninho e uma família de ave de rapina como essa?", questionou.

Martins disse que "o objetivo do lançamento do livro não é para dizer que a Vale está patrocinando a conservação da harpia, mas divulgar a necessidade da conservação e mostrar que há investimentos na preservação do gavião-real. Temos de tirar essa ave da lista dos animais ameaçados", disse. O evento foi prestigiado também pelo senador Eduardo Azeredo.

O deputado federal Cassio Taniguchi, integrante da Comissão do Meio Ambiente da Câmara dos Deputados, elogiou o trabalho e o cuidado que a Vale tem tido com a preservação do habitat dessa ave. Ele comparou a trabalho desenvolvido em Carajás com o que vem sendo executado em Guaratuba com a ave guará, também ameaçada de extinção e que ressurgiu numa das cidades que já foi das mais poluídas do país. (CL)
UC:Floresta

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