Ibama autoriza pavimentação da Paraty-Cunha

O Globo, Rio, p. 13 - 18/03/2010
Ibama autoriza pavimentação da Paraty-Cunha
Estrada-parque na Costa Verde terá passagens subterrâneas para evitar que animais silvestres sejam atropelados

Dicler de Mello e Souza

O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) liberou a licença ambiental para a pavimentação da Rodovia Paraty-Cunha, abrindo caminho para que uma das obras mais aguardadas na Costa Verde saia do papel. A liberação acontece depois de anos de polêmica. Os moradores de Paraty e Cunha tinham na estrada o modo mais rápido de comunicação entre as localidades, que ficam, respectivamente, nos estados do Rio e de São Paulo.

O trecho entre Paraty e Cunha já fez parte chamada Estrada Real, por onde passava todo ouro vindo de Minas Gerais para o porto de Paraty, com destino a Portugal, na época do Império. A estrada encurta o trajeto entre as duas cidades, o que poupa o motorista de trafegar pela Rodovia Mário Covas (antiga Rio-Santos), que é bem mais longa.

Depois que a Paraty-Cunha foi seriamente castigada por temporais, no início de 2008, surgiu a iniciativa de pavimentá-la, mas organizações ambientalistas e o Ibama foram contrários à ideia. A proposta de transformar a via numa estrada-parque surgiu como forma de compatibilizar as reivindicações dos moradores das duas cidades com a necessidade de proteger o meio ambiente, já que a via passa por uma área de proteção ambiental. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, diz que todos os cuidados foram tomados para proteger a natureza.

A Paraty-Cunha será semelhante à estrada-parque que está sendo construída entre Mauá e Maromba, na região das Agulhas Negras, no Sul Fluminense. Entre outras características especiais, a estrada contará com passagens subterrâneas para evitar que animais silvestres corram o risco de serem atropelados quando tentarem atravessar a via.

As zoopassagens foram apelidadas de "bichodutos".

Elas serão feitas de blocos de concreto, com manejo cuidadoso de pedras, terra e vegetação. Nas áreas de mata, uma espécie de funil, composto de suportes metálicos e telas plásticas, orientará o deslocamento da fauna para a travessia segura.

O custo da obra de pavimentação da Paraty-Cunha será bancado pela Eletronuclear, num investimento estimado em R$ 66 milhões. O governo federal, através do Ministério do Turismo, e o governo do Estado do Rio também vão apoiar a iniciativa. Um dos motivos para a decisão da estatal - responsável pela operação das usinas nucleares Angra 1 e Angra 2 e pela construção de Angra 3 - é que a Paraty-Cunha poderá ser usada como alternativa de evacuação da região, além da BR-101 Sul (Rodovia Rio-Santos, em caso de um eventual acidente nuclear.

O Globo, 18/03/2010, Rio, p. 13
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