G-7 doa US$ 8 mi a quatro reservas da Amazônia

OESP - 01/10/2001
Os habitantes das quatros reservas beneficiadas reuniram-se em associações e montaram cooperativas, que serão responsáveis pelo escoamento e venda da produção sustentável.
Os países integrantes do G-7 doaram US$ 8 milhões aos habitantes de quatro reservas extrativistas brasileiras, para que utilizem os recursos naturais em projetos de desenvolvimento econômico sustentável. As três mil famílias beneficiadas poderão aumentar a renda mensal expandindo a produção atual por meio do cultivo de castanhas, da produção de fitoterápicos, da criação de animais silvestres e pela exploração do ecoturismo.
O uso racional dos recursos naturais das reservas Alto Juruá e Chico Mendes, no Acre, Rio Ouro Preto, em Rondônia, e Cajari, no Amapá, faz parte de um projeto coordenado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). Antes de ampliar as atividades econômicas nas áreas, foram feitos estudos sobre a população local, a vocação econômica de cada uma delas e a sensibilidade de seus ecossistemas. Esse estudo consumiu cinco anos e US$ 9 milhões. Os habitantes das quatros reservas reuniram-se em associações e montaram cooperativas, que serão responsáveis pelo escoamento e venda da produção. "As comunidades estão saindo do isolamento e já estão preparadas para entrar no mercado", diz Ecio Rodrigues, coordenador técnico do Centro Nacional de Populações Tradicionais (CNPT) do Ibama. Os US$ 8 milhões do G-7 serão aplicados nos próximos quatro anos. O Brasil dará uma contrapartida de R$ 4 milhões, no mesmo período. Caberá às famílias garantir que a produção não afetará o meio ambiente.
"O projeto de reservas florestais quer justamente garantir a proteção da Floresta Amazônica, por meio do uso dos recursos pela população nativa", conta Rodrigues. As quatro reservas escolhidas para o projeto são as mais antigas e perfazem aproximadamente 1,6 milhões de hectares de florestas nativas pertencentes à União.
Em Cajari (AP), serão financiados projetos para cultivo do palmito, do açaí e da castanha-do-pará. A maior das reservas, a Chico Mendes, com quase mil hectares, hoje tem a castanha e a borracha como principais fontes de renda. A partir da injeção de novos recursos, as famílias poderão expandir para produção de copaíba, que tem grande aceitação no mercado, inclusive internacional, por causa de sua eficiência como cicatrizante.
Alto Juruá é a reserva mais isolada, na divisa do Brasil com o Peru, onde as mercadorias precisam ser escoadas de barco, em viagens de até dois dias. Atualmente, a extração da borracha é o ponto forte da mirrada economia das famílias. "Mas o financiamento permitirá que elas façam o manejo da fauna para comercialização", explica Ecio. A comunidade pretende criar antas, pacas, capivaras e javalis brasileiros para abastecer restaurantes de São Paulo.
Já na Reserva Rio Ouro Preto, na divisa com a Bolívia, a idéia é explorar o ecoturismo. O Ibama tem a expectativa de que as famílias passem a ter retorno financeiro já a partir do final do próximo ano. Dos recursos aplicados no Projeto Reservas Extrativistas, 70% serão investidos diretamente no financiamento dos projetos e 30% serão administrados pelas próprias famílias, para manutenção da estrutura local e preservação das áreas.
UC:Reserva Extrativista

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