Falta de chuva fecha sede do Parque da Serra dos Órgãos

http://oglobo.globo.com - 19/10/2015
Parque, localizado em Teresópolis, não abriu para visitantes pela 1ª vez em 76 anos


Mundialmente conhecido pela abundância e pela qualidade das águas cristalinas de dezenas de cachoeiras, o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso), em Teresópolis, na Região Serrana, amanheceu - pela primeira desde que foi criado, há 76 anos - com os portões fechados no sábado, por conta da estiagem. Sem chuvas significativas desde 13 de setembro, o abastecimento na unidade prejudicou a infraestrutura de funcionamento. No domingo, a sede de Teresópolis também não abriu para visitantes.

O problema aconteceu um ano após o parque sofrer a maior queimada de sua história. Em 2014, uma área de 1.500 hectares de mata, o que corresponde a 1.500 campos de futebol, foi destruída pelo fogo.

- A queimada do ano passado aconteceu do outro lado do parque, em Petrópolis. Acreditamos que a falta d'água hoje acontece por uma série de fatores, mas o principal é o longo período de estiagem que estamos tendo na região - explica o chefe do parque, Leandro Goulart.

Nas últimas semanas, a piscina natural, que tem capacidade para armazenar mil metros cúbicos de água e é um dos principais atrativos da unidade, operava abaixo da capacidade. A decisão de fechar os portões foi tomada pelo chefe do parque, quando a falta d'água começou a prejudicar o funcionamento do Centro de Visitantes.

- Vínhamos enfrentando dificuldades para a manutenção da piscina natural. Na última semana, começamos a ter problemas para encher as caixas d'água do Centro de Visitantes. Começamos ficar desabastecidos em algumas partes do dia. Quando o problema chegou às caixas que abastecem os banheiros do Centro, não tivemos outra opção. Precisamos fechar no fim de semana - conta Goulart.

As sedes de Petrópolis e Guapimirim continuaram funcionando normalmente. Mas, em Teresópolis, durante todo o sábado, recepcionistas que atuam no Centro de Visitação permaneceram no portão principal do lugar, informando aos visitantes os motivos do fechamento. O Parque Nacional é um dos principais atrativos turísticos da cidade. Com a escassez hídrica, somente o acesso à parte alta, para a travessia Teresópolis-Petrópolis e para a visitação a pontos como os Castelos do Açu e a Pedra do Sino, por exemplo, está permitido.

- Os acessos às trilhas e às cachoeiras na parte baixa precisaram ser fechados porque o movimento é grande e normalmente as pessoas precisam usar a infraestrutura do Centro de Visitantes - esclarece o coordenador de uso público do parque, Jorge Nascimento.

REABERTURA

No fim de semana anterior, no feriado do dia 12, a unidade do parque, em Teresópolis, recebeu 4.500 pessoas. No ano passado, foram 217 mil visitantes.

- Alguns bairros da cidade estão sofrendo com falta d'água. Com isso, nos dias de muito calor, as pessoas veem o parque como uma alternativa - comenta Nascimento.

Segundo o chefe do parque, a chuva da madrugada de domingo, porém, ajudou um pouco a encher os rios que abastecem as caixas da sede de Teresópolis e que, por conta disso, será possível reabrir a unidade nesta segunda, quando será realizada uma reunião para reavaliar a situação.

- Conseguimos restabelecer o abastecimento para o uso dos servidores que vivem no parque (são cerca de 15 casas) e para garantir o funcionamento dos banheiros. A chuva foi pouca, mas deu uma aliviada. Amanhã (hoje), a sede de Teresópolis abre normalmente, das 8h as 18h.

EM ITAPERUNA

A estiagem também assusta o Noroeste Fluminense. O nível do Rio Muriaé, afluente do Paraíba do Sul que atravessa a cidade de Itaperuna, está muito baixo. Há 37 anos morando na cidade, a enfermeira Eveluzia Azeredo diz que nunca viu situação tão dramática. Acostumada com as cheias que provocavam grandes enchentes no Centro da cidade, ela diz que hoje consegue caminhar onde corre o rio, completamente seco em alguns pontos. A estiagem atingiu ao ponto de ser possível chegar a pé até as ilhas dentro do Muriaé, antes só acessíveis por pontes.

- Neste período do ano sempre tem enchente na cidade, mas a água sumiu. Os peixes estão agonizando, sem oxigênio. Em toda a minha vida eu nunca vi nada igual. Meu pai tem 72 anos e também nunca tinha visto nada parecido - conta Eveluzia.

A estiagem já prejudica o abastecimento de água potável em 20% dos 92 municípios do estado. Em Angra dos Reis, na Costa Verde, a situação se agravou na semana passada. Na sexta-feira, a prefeitura proibiu a lavagem pública ou particular de carros, jardins, calçadas e quintais.

VOLUME MORTO

Os quatro reservatórios ao longo da bacia do Rio Paraíba do Sul - que abastecem 9,4 milhões de pessoas na Região Metropolitana do Rio - estão com 6,5% de sua capacidade média, volume menor do que o registrado no mesmo período do ano passado (de 10%), que foi considerado o pior da história. Em 2013, o nível chegava a 47%. Especialistas dizem que a chuva de ontem não foi suficiente para melhorar a situação das represas. De acordo com estudo realizado pela Firjan, o período úmido que começa agora em novembro não deve mudar significativamente esse panorama.



http://oglobo.globo.com/rio/falta-de-chuva-fecha-sede-do-parque-da-serra-dos-orgaos-17812905
UC:Parque

Unidades de Conservação relacionadas

  • UC Serra dos Órgãos
  •  

    As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.