Extrativista do MA expõe produtos no 3o Chamado da Floresta no PA

G1 - http://g1.globo.com/ - 29/10/2015
Maria Nice Machado, 55 anos, extrativista da comunidade Enseada da Mata, no município de Penalva (MA), percorreu os rios da Amazônia para estar presente no 3o Chamado da Floresta, realizado de terça (27) a quinta-feira (29), na comunidade São Pedro, na Reserva Extrativista Tapajós/Arapiuns, em Santarém, oeste do Pará.

Para ela, discutir os diversos e semelhantes problemas em que vivem as reservas e unidades de conservação é algo fundamental para o progresso dos povos extrativistas.

Ela aproveitou para expor os produtos feitos a partir de substâncias naturais coletadas na comunidade onde mora e trazidos especialmente para o Pará, a fim de mostrar no evento. "Trouxe produto da Reserva Extrativista que trabalhamos na comunidade, como o óleo de coco, babaçu, sabão. Temos também os produtos que usamos de frutas e toda a agricultura com a qual trabalhamos".

Além de todos os produtos, dona Maria ainda trouxe o livro com as receitas de todas as comidas produzidas na comunidade em que mora, a fim de compartilhar conhecimentos com extrativistas de outras regiões.

O livro é vendido a R$ 10, o sabonete sai a R$ 5, e os demais produtos são vendidos também a R$ 10.

Problemas em comum

Dona Maria faz parte do Conselho Nacional dos Seringueiros no Maranhão e afirma que os problemas de lá são parecidos com os de outras reservas da Amazônia.

Segundo ela, a luta para que Enseada da Mata se torne uma Reserva Extrativista com área de 250 mil hectares, 5,2 mil famílias e 31 mil habitantes. "Viemos com uma luta desde 2000 para que seja criada essa e outras reservas lá perto. Todas essas no mesmo município. A gente já fez o levantamento fundiário e estamos esperando que seja feito o processo de demarcação, titulação de área e sinalização", destaca.

Segundo ela, com a criação da reserva, os extrativistas terão mais facilidade ao acesso às políticas públicas.

Chamado da Floresta

O Chamado da Floresta é um evento realizado a cada dois anos em comunidades extrativistas da Amazônia, com a presença de representantes do governo federal para mostrar aos governantes a realidade no "próprio local do problema". O evento é realizado desde 2011. As duas primeiras edições foram na região do Marajó, no Pará.

A comunidade São Pedro pertencente ao município de Santarém, fica distante da cidade aproximadamente 8 horas de barco. "Tem vários critérios que a gente busca. Se você olhar no mapa da Amazônia, a comunidade São Pedro está no coração, no Centro. O tempo que o barco que saiu de Manaus para chegar aqui é o mesmo dos que saíram de Macapá e de Belém. A gente vai discutir com a comunidade para ver a recepção e a condição que ela tem para fazer o trabalho que foi feito. Essa conjuntura local favorece a isso", explicou o presidente do Conselho Nacional dos Povos Extrativistas (CNS), Joaquim Belo.

Segundo ele, as duas primeiras edições do evento já tiveram resultado, mas muito ainda falta a se alcançar. "Hoje, está começando a ter água tratada na comunidade, vai começar o processo de energia do Luz Para Todos. Isso demonstra que nossa estratégia de luta é extremamente importante. Pronatec só para extrativistas, o Enem, que a gente fez uma estratégia que nossa juventude conseguisse chegar, pois o formato do governo federal não se encaixa nos jovens da floresta", completou.

A organização espera para esta quinta-feira (29), dia de encerramento do evento, que o governo federal envie pelo menos representantes de ministérios para que as pautas possam ser entregues.



http://g1.globo.com/pa/santarem-regiao/noticia/2015/10/extrativista-do-ma-expoe-produtos-no-3-chamado-da-floresta-no-pa.html
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