Deputados derrubam veto de Maggi e Parque do Cristalino diminui de tamanho

24 Horas News - 18/12/2006
De nada adiantaram os apelos dos ambientalistas. De nada adiantou as explicações do secretário estadual de Meio Ambiente Marcos Machado. Adiantou menos ainda a decisão do governador Blairo Maggi em assinar o veto ao projeto de redução de 27 mil hectares da área do Parque Estadual do Cristalino.Os deputados estaduais mato- grossenses em sessão decidida na noite desta segunda-feira resolveram mostrar força diante dos ambientalistas e da decisão do governador Blairo Maggi e derrubaram por 18 a 5 o veto do governador. O parque terá sua área reduzida para beneficiar grandes fazendeiros que estão na região. Como forma de compensação, os parlamentares prometem para esta terça-feira votar a incorporação de uma área de 7 mil hectares que os fazendeiros não querem.

O Parque Estadual do Cristalino, uma das mais importantes unidades de conservação da Amazônia, localizada no extremo-norte de Mato Grosso (entre Alta Floresta, Paranaíta e Novo Mundo) terá com a derrubada do veto reduzida sua área de 185 mil hectares para 157 mil.

O deputado Carlos Brito (PDT) que votou a favor da manutenção do veto do governador Blairo Maggi criticou a decisão de seus companheiros de parlamento. Brito disse que os deputados alegaram na derrubado do veto que ao longo de vários anos muitas comunidades, escolas, igrejas foram se formando no lugar, em área já desmatada, e que existem outras extensões ?in natura? Que podem ser incorporadas ao parque. Mas se mostrou contrário a esta decisão enfatizando que ?se formos pensar assim, quando o Brasil foi descoberto, a quantidade de índios no país era enorme, e veja na situação que chegamos. Da mesma forma, se for agir assim com relação à área, daqui uns dias não teremos nada?, argumentou. ?Sou favorável a manter o veto até para que seja feito uma análise técnica para verificar essa possibilidade de expansão em outras áreas?, completou.

A decisão do Legislativo contraria ambientalistas e a secretaria do Meio Ambiente (Sema) e premia fazendeiros que desmataram ilegalmente, de acordo com o secretário Marcos Machado, um dos parques mais conhecidos da Amazônia e pode fazer com que Mato Grosso perca verbas federais.

O Cristalino é uma das unidades de conservação mais conhecidas da Amazônia. Suas mais de 550 espécies de aves, dezenas delas endêmicas, atraem observadores de pássaros do mundo todo. A redução dos 27 mil hectares reafirmada ontem à noite pelos deputados contraria a proposta enviada pela Sema que excluía apenas 3 mil hectares da área original.

A intenção da Sema era unificar as duas áreas do parque (Cristalino 1, criada em junho de 2000, e Cristalino 2, ampliação de maio de 2001) em um só instrumento legal (o que os deputados concordaram), além de retirar de seus limites as áreas de propriedades rurais que já estavam ocupadas antes de sua criação. Com isso, buscava-se resolver os conflitos fundiários e atender, quando procedente, os pedidos dos pecuaristas que negociavam a retirada de suas fazendas dos limites da unidade.

A lei agora será promulgada pelo Legislativo e passará a vigorar assim que for publicado no Diário Oficial da União.

Em compensação, será apresentado nesta terça-feira na Assembléia, em nome do Colégio de Líderes, a ampliação do Cristalino em 7 mil hectares de uma área que ficou fora da criação do parque. De acordo com os parlamentares, a derrubada do veto foi necessária em razão da área em questão abrigar atividade econômica, envolvendo centenas de pessoas.

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