Cristalino pode ser federalizado

Diário de Cuiabá - 14/08/2003
O gerente-executivo do Ibama em Mato Grosso, Hugo Scheuer Werle, anunciou ontem a possibilidade de federalização do Parque Estadual do Cristalino, localizado entre os municípios de Alta Floresta e Novo Mundo [extremo-norte do Estado].
Segundo ele, a proposta já conta com o apoio da direção nacional do órgão e, neste momento, é negociada diretamente com o governo do Estado. "A idéia é transformar aquela área em uma unidade de conservação federal", ressaltou.
Desde dezembro de 2002, por ordem da Justiça Federal, o Ibama já responde na prática pela proteção e fiscalização dos 184 mil hectares do parque - considerado um dos mais importantes mananciais de biodiversidade da Amazônia.
A notícia de que a situação poderá ser oficializada marcou a abertura do seminário "Unidades de Conservação: desafios e perspectivas da política de conservação de Mato Grosso", promovido pela Ong Instituto Centro de Vida e a Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação.
Até sexta-feira [15], no auditório do Sesc Arsenal, alguns dos mais importantes especialistas no assunto - inclusive em nível internacional - irão tratar do presente e também do futuro de áreas que, embora protegidas no papel, estão a cada dia mais vulneráveis à degradação.
Em Mato Grosso, com 34 Unidades de Conservação estaduais e sete federais [além de parques municipais e reservas particulares] a condição não é diferente. Além da falta de recursos para planos de manejo e equipes de fiscalização, a questão fundiária é uma fonte inesgotável de conflitos.
"Temos uma rede de Unidades de Conservação que está criada, mas ainda não implementada. Isso leva ao aumento do próprio processo de degradação das áreas", avalia o ambientalista Sérgio Henrique Guimarães, coordenador do ICV.
Segundo ele, a situação é crítica em todas as áreas protegidas, mas é ainda mais grave nos parques estaduais das serras de Santa Bárbara e Ricardo Franco [região oeste, entre os municípios de Vila Bela da Santíssima Trindade, Pontes e Lacerda e Porto Esperidião] e Cristalino, além do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães.
Também presente ao evento, o diretor de recursos florestais da Fema, Rodrigo Justus, criticou o processo de criação das unidades de conservação em Mato Grosso. "Várias não possuem estudo técnico ecológico, avaliação fundiária e de potencialidades", apontou. Segundo ele, a regularização das 34 áreas poderá emperrar em seu passivo fundiário. "Só a desapropriação custaria mais de R$ 1 bilhão".
(-Diário de Cuiabá-Cuiabá-MT-14/08/03)

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