Câmera, arma em defesa da natureza

O Globo, Rio, p. 13 - 04/06/2014
Câmera, arma em defesa da natureza
Marigo se destacou por retratar ecossistemas e animais ameaçados

Bruno Amorim
bruno.amorim@oglobo.com.br
Célia Costa
celia@oglobo.com.br

Amante da natureza, o fotógrafo Luiz Claudio Marigo dedicou a vida a retratar ecossistemas e espécies brasileiras, dando ênfase à preservação do meio ambiente e a animais ameaçados de extinção. Ele notabilizou-se por trabalhos para revistas como a "Geográfica Universal" e para os álbuns de cromo do chocolate Surpresa, da Nestlé, responsável por influenciar "milhares de crianças em todo o Brasil, despertando seu interesse sobre nossa fauna", como afirmou o fotógrafo em seu site.
Em 1983, ganhou o Prêmio Jabuti com o livro "Jardins e Riachinhos", com texto de Guimarães Rosa. Em 2011, Marigo foi premiado novamente, com o primeiro lugar pelo livro "Fotografias da Natureza". Como afirmava em seu site, acreditava que a função social do seu trabalho era chamar a atenção da opinião pública para a "tremenda riqueza de formas de vida" no país, produzindo um conhecimento mais amplo sobre essa biodiversidade.
"Acredito que a qualidade e a beleza das fotografias são essenciais para atrair o olhar das pessoas e conquistar seus corações, aumentando assim o número daqueles que defendem a natureza. Espero que o meu trabalho transmita a mesma alegria e emoção que sinto nos ambientes selvagens e que as minhas fotografias não se transformem apenas em mais um documento do passado", dizia.
Sua descoberta da natureza aconteceu muito jovem, em Copacabana, em incursões pelas encostas dos morros próximos à sua casa e nas brincadeiras na praia.
Essa paixão foi incorporada ao seu trabalho nos anos 1980, quando conheceu o biólogo José Márcio Ayres, que estudava primatas amazônicos. Foi, então, visitar a área de estudos do biólogo no Lago Mamirauá para fotografar o macaco uacari-branco. Dessa amizade resultou uma longa colaboração. Juntos, propuseram ao governo federal, em 1985, a criação da Reserva Mamirauá, decretada em 1990. Desde então, passou a atuar como fotógrafo na reserva.
Chocado com a morte do amigo e com a forma como tudo aconteceu, o fotógrafo Frederico Mendes falou emocionado do companheiro de adolescência, "uma pessoa carinhosa e brincalhona, um amante e defensor do meio ambiente":
- Éramos fotógrafos de aventura. Mas ele se dedicou à natureza com uma paciência incrível para captar a beleza. Marigo realmente se preocupava com o meio ambiente.
Entre suas influências, Marigo citava os fotógrafos Ernst Haas, Eliot Porter e Eric Hosking, além dos escritores Guimarães Rosa e Thiago de Mello e a música de Heitor Villa-Lobos, em especial "Bachiana no 4" e "A Floresta do Amazonas".
Luiz Cláudio deixa viúva, a programadora visual e editora Cecília Marigo, de 69 anos, e dois filhos, Gustavo e Vitor.
- Luiz Cláudio era uma pessoa extremamente ética. Gostava de passar o conhecimento adiante, sem egoísmo. Meu marido era uma lição de vida - disse Cecília.

O Globo, 04/06/2014, Rio, p. 13

http://oglobo.globo.com/rio/marigo-uma-vida-inteira-dedicada-preservacao-a-beleza-da-natureza-12702818
Produção Cultural:Fotos e Ilustrações

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