Amazônia avalia potencial econômico do jacaré

http://www.agenciaamazonia.com.br - 24/03/2011
Conhecer mais sobre o modo de vida da população de jacarés fora das Unidades de Conservação (UCs) no Estado do Amazonas, como informações sobre tamanho, sexo, idade, conservação da espécie e as ameaças advindas do homem foi o objetivo da pesquisa do doutor em Ecologia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), professor Ronis da Silveira.

Por meio do projeto 'Abundância, Estrutura de Tamanho, Razão Sexual, Reprodução e Caçadas das populações de Crododilianos no Encontro das Águas dos Rios Negro e Solimões: Um esforço de capacitação de pessoas para a conservação, monitoramento e manejo na Amazônia Central', Silveira buscou se desvencilhar das pesquisas realizadas atualmente.

Segundo o pesquisador, todo o conhecimento sobre jacarés se resume aos já existentes desenvolvidos em UCs. Entretanto, fora desse ambiente não se conhece ou não se tem registro de estudos sobre a espécie. "A Ufam e outros órgãos de pesquisa, como o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), por exemplo, vêm desenvolvendo trabalhos há 20 anos, em locais como o Parque Nacional das Anavilhanas e a RDS de Mamirauá", disse.

Financiado pelo Programa Integrado de Pesquisa e Inovação Tecnológica (Pipt) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), a pesquisa foi realizada num raio de atuação de 100 quilômetros do entorno do Encontro das Águas, entre os rios Negro e Solimões. Mais recentemente, a pesquisa também foi realizada na região do Lago do Piranha, localizada próximo à cidade de Manacapuru (68 quilômetros a oeste de Manaus).

Os crocodilianos existentes no Brasil pertencem à família Alligatoridae, sendo popularmente chamados de jacarés. Na Amazônia brasileira, ocorrem quatro das cinco espécies de jacarés existentes no País.

As espécies jacaré-açú, jacaré-tinga, jacaré-coroa e jacarepaguá ocorrem em abundância em diferentes lugares da Amazônia, "onde há locais em que existe preponderância de uma espécie, quer seja em ambiente de várzea ou de terra firme", informou o pesquisador.

Manejo e proteção

A existência da maior concentração da população em uma UC é considerada, pelo pesquisador, o local ideal para o desenvolvimento da atividade de manejo, cujas matérias-primas são viáveis economicamente, entretanto, analisando seu comportamento, percebe-se que a desova e a eclosão dos ovos ocorrem foram dessas Unidades, ficando os filhotes desprotegidos, vulneráveis à ação predatória do homem.

Então, é necessária a proteção dessas localidades, enfatiza Silveira, que denomina de "área de fonte" e "área de uso", e destaca sobre a exploração indiscriminada na "fonte" e acredita que, somente a exploração ocorre de maneira racional, em áreas alimentadas pela "fonte", ou seja, fora das Unidades. "Precisamos entender onde estão as fontes e onde poderemos usá-las. Então, é um conhecimento básico que contribuirá para a criação de diretrizes do que deve ou o que não se deve fazer", completa.

Alavancar o desenvolvimento

Indagado sobre o uso do conhecimento adquirido em benefício da população que vive em Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDSs), Silveira diz que isso é um grande gargalo no momento, e considera o maior desafio da comunidade "É preciso criar instrumentos para que as iniciativas possam avançar, para que a comunidade não seja mera produtora de matéria-prima", afirmou.

O pesquisador lembrou que, historicamente, isso é um grande entrave na Amazônia. "É interessante que quando, de fato, as coisas começarem a funcionar essas populações sejam as grandes beneficiadas", disse.

O destino da matéria-prima, como por exemplo, o couro e a carne segue o mesmo procedimento que é feito com o gado bovino, porém, este último, para exploração econômica, é necessário modificar o ambiente, favorecendo poucas pessoas. "E, a possibilidade de manejar diretamente os jacarés, a grande vantagem é que não se modifica o seu habitat natural. Não é tão simples assim, é preciso conciliar a ciência e o conhecimento tradicional", comenta.

O professor lembra que, quando da criação da Fapeam, foi um dos primeiros pesquisadores a destacar a sua importância na região, focando principalmente para o desenvolvimento de nosso Estado. "Para se ter uma ideia da dimensão da instituição de fomento, durante a realização do estudo, foi possível qualificar estudantes de graduação e pós-graduação".

É um Programa Integrado de Pesquisa e Inovação Tecnológica (Pipt) que consiste em apoiar, com auxílio pesquisa e bolsas, mestres e doutores vinculados a instituições públicas e privadas sem fins lucrativos interessados em realizar pesquisas científicas e tecnológicas no Amazonas.


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Amazônia:Biodiversidade

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